segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ENTREVISTA/ ESCRITOR: Maurício Zágari, escritor ganhador do prêmio Areté de melhor ficção 2011.

Maurício Zágari é membro da Igreja Cristã Nova Vida, em Copacabana (Rio de Janeiro-RJ), jornalista e teólogo e foi professor durante nove anos de disciplinas como Teologia Prática, Ética cristã, História da Igreja e Filosofia para bacharelados em Teologia.

De talento reconhecido com o Prêmio Areté de Autor Revelação e Melhor livro de Ficção/Romance - com o livro "O Enigma da Bíblia de Gutemberg", é autor de outros livros cristãos. Maurício transita pelo mundo dos livros há algum tempo, seja como escrito, tradutor de obras sobre teologia, ghostwriter de livros sobre jornalismo e editor de livros cristãos.

Seu gosto pela investigação surgiu da trajetória como repórter e colunista em veículos de comunicação cristãos (como Cristianismo hoje, Enfoque Gospel, entre outros) e seculares (Jornal do Brasil, O Globo e Globosat).
 
Contatos:
Twitter: @mauriciozagari
 
 
[Ficção evangélica]: Sabendo que um bom escritor é primeiro um ótimo leitor, como surgiu em você o gosto pela leitura?
[Maurício Zágari]: Devo isso aos meus pais e às escolas que frequentei quando criança e adolescente. Havia feiras de livros na minha primeira escola e meus pais compravam toneladas de obras, que eu li avidamente desde a mais tenra infância. Curioso é que guardei todos e hoje minha filha de 1 anos já está lendo os mesmos livros que devorei quando pequeno. Depois, com 11 anos, fui estudar num colégio que tinha uma biblioteca enorme e eu lia um livro atrás do outro.
[FE]: E como surgiu o escritor Maurício Zágari?
[MZ]: Considero escrever um dom concedido por Deus. Sempre escrevi. Nas escola, as redações rendiam boas notas. Quando me formei em jornalismo, fui trabalhar em jornais e os textos eram considerados de qualidade. Na área literária desde criança escrevia poesias e contos. Alguns chegaram a ser publicados em coletâneas seculares. Mas o primeiro livro de verdade na verdade surgiu não unindo o dom com uma boa ideia.
 
[FE]: Como surgiu a ideia do livro “O Enígma da Bíblia Gutemberg”? Aliás, quem surgiu primeiro, a ideia do livro ou da série Geração Ação?[MZ]: O Enígma da Bíblia Gutemberg” surgiu diante da percepção de que os jovens cristãos gostam de ler ficção como qualquer jovem não cristão. Mas enquanto as editoras seculares investem pesado nesse tipo de literatura, no mercado evangélico esse tipo de livro simplesmente não existia. Então tive a ideia de escrever livros que na verdade representavam um gênero inédito no Brasil: histórias de ficção, com muita investigação, adrenalina, romance e suspense, que, ao mesmo tempo que entretivessem o leitor, lhes passassem ensinamentos bíblicos baseados não num mundo ideal, mas nos desafios que eles de fato enfrentam no dia a dia.

Então o livro foi muito bem pensado: foi escrito para ser lido em duas horas (para estimular jovens que não tivessem o hábito da leitura a ler), com  linguagem coloquial, um herói brasileiro que não fosse um super-herói (ou seja, ele peca como qualquer jovem, mas aprende com seus erros), de uma denominação indefinida (para que jovens de qualquer denominação se identificassem com ele) e que passassem valores essenciais ao dia a dia das pessoas que estão nessa faixa etária. Então o livro fala de temas como namoro, mentiras, respeito aos pais, amizade, a importância de conhecer bem a Bíblia e de ter uma vida de oração e o que significou o sacrifício de Jesus na Cruz. Tudo isso dentro de um contexto de muita adrenalina correndo solta.
 
[FE]: Há alguma semelhança entre o personagem Daniel , o Crânio, e você?
[MZ]: Alguma. Ele, por exemplo, quer ser jornalista, que é minha profissão. Ama as coisas de Deus, como eu. Gosta de ler a Bíblia, orar e ler muito. E erra bastante, como eu também erro. Ou seja: ele é tão humano como eu e você. Todo personagem que crio para meus livros acaba sendo inspirado por alguém que conheço, de um modo ou de outro, então estão bem ligados à vida real.
 
[FE]: Nessa série (apesar de eu ter lido apenas o primeiro livro, por enquanto) há várias passagens com mensagens e valores bíblicos voltados aos adolescentes e jovens. Por que essa preocupação?
[MZ]: Sem isso essa série não teria razão de existir. Pois meu objetivo nunca foi escrever meras histórias de ficção. Meu objetivo primordial é ajudar no discipulado dos jovens e adolescentes. E as histórias de investigação e aventura ajudam a prender a atenção e, por que não, a divertir os leitores.

Tanto que são muitas as igrejas, muitos pastores e muitos líderes que os estão adotando para trabalhar com seus jovens. E cada vez mais igrejas têm feito isso. Algumas estimulam a leitura dos livros da série e propõem debates sobre os temas abordados. Outras usam como livro de trabalho em retiros. Outras pedem aos seus jovens que leiam e me convidam para palestrar, com sessões de perguntas e respostas. E eu soube até de duas igrejas cujos jovens estão usando “O Enígma da Bíblia Gutemberg” e os outros livros da série para evangelizar colegas na escola, primos e outros conhecidos. Em vez de dar presentes quaisquer de aniversário, Natal ou amigo oculto os estão presenteando com esses livros. Os resultados e os testemunhos que têm chegado a mim pessoalmente ou via Internet (meu twitter é @MauricioZagari e meu blog www.apenas1.wordpress.com) são maravilhosos e não foram poucos os jovens que disseram ter mudado suas atitudes após ler os livros. Já chorei muito lendo alguns testemunhos.
 
[FE]: Você acha que hoje a ficção evangélica está sendo tratada de forma diferente pelas editoras cristãs, vamos dizer... está tendo o seu espaço, uma vez que esse gênero não era tão valorizada anteriormente?
[MZ]:Não e continua não sendo valorizado. Antes de a editora que publicou O Enígma da Bíblia Gutemberg”, a Anno Domini, ser criada, eu submeti o livro a todas as principais editoras cristãs do país. Todas recusaram. E a resposta (quando vinha) era sempre a mesma: "Os jovens evangélicos brasileiros não leem livros de ficção". A Anno Domini está de parabéns, pois ousou e investiu num gênero inédito e pioneiro. Provou com isso que todas as outras editoras estavam erradas. Tanto que o livro rendeu dois prêmios e a primeira edição esgotou rápido. Estamos já na segunda edição.
 
[FE]: Como foi para você ser um dos finalistas e ganhador do Prêmio Areté como "Autor Revelação do Ano" e "Melhor Livro de Ficção/Romance"?
[MZ]: O prêmio de Autor Revelação do Ano foi uma total surpresa para mim. Afinal, estava concorrendo com 400 autores muito bons. Não me envaideceu, mas ajudou no sentido que outros livros meus serão publicados. Agora em março, por exemplo, será lançado um livro sobre espiritualidade, de não-ficção, chamado "A Verdadeira Vitória do Cristão", que fala para cristãos em geral sobre o triunfalismo que assola a igreja brasileira e que estava engavetado porque não sabiam se venderia bem devido ao fato de eu ser um autor desconhecido. Com o prêmio, a editora resolveu publicar o livro. Também o 4o livro da série Geração Ação, iniciada com O Enígma da Bíblia Gutemberg”, será lançado, em julho. E já tenho um outro livro pronto, escrito, mas estou guardando segredo sobre ele. Só estou esperando passar o Carnaval para apresentar à editora. Vocês estão sabendo em primeira mão.

Nesse sentido, as premiações ajudam a abrir portas para que as editoras vejam que há uma certa qualidade no que você escreve.

E tem um aspecto engraçado nessa minha premiação, porque na categoria "Melhor Livro de Ficção/Romance" eu ganhei de mim mesmo! Pois entre os três finalistas estavam O Enígma da Bíblia Gutemberg”, o livro "À beira do Apocalipse" (do americano Tim LaHaye, autor da famosa série "Deixados para trás") e o meu segundo livro da série Geração Ação, "7 Enigmas e um Tesouro". Então eu fui finalista com dois livros, isto é, concorri contra mim (risos). E o mais curioso é que o "7 Enigmas e um Tesouro" é o meu preferido, pois já foi escrito numa fase da minha vida de maior maturidade espiritual. Mas perdeu para O Enígma da Bíblia Gutemberg”.
 
8- [FE]: Quais os seus autores de ficção preferidos? Você se inspira em algum escritor em especial?
[MZ]:Acredito que escrevo como resultado de toda uma gestalt de autores que li ao longo da minha vida. Mas sem dúvida alguma meu autor preferido é o colombiano Gabriel Garcia Marquez, autor de livros magistrais, como "Cem anos de solidão" e "O amor nos tempos do cólera", que são obras primas..
 
[FE]: Há algum livro de ficção que marcou a sua vida? Qual e por quê.
[MZ]: Livros de ficção bons são os que te puxam da sua vida real para dentro de suas páginas por meio da imaginação. E os que mais fizeram isso comigo foram Gabriel Garcia Marquez, Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.
 
[FE]: Quais são os seus planos futuros. Há mais algum livro de ficção cristã vindo por aí?
[MZ]: A editora Anno Domini está investindo na série Geração Ação, que têm o personagem Daniel como o protagonista de todos. Depois de O Enígma da Bíblia Gutemberg” foi lançado "7 Enigmas e um Tesouro" e, ano passado, "O Mistério de Cruz das Almas". Além de "A Verdadeira Vitória do Cristão", que é um livro teológico, em julho sai "O Ritual", que será o quarto livro da série. Já está escrito. Desta vez Daniel arranja uma namorada e se envolve com um grupo de satanistas que a usam para cooptá-lo para abandonar Jesus e se unir a ele. Quatro pessoas já leram os originais e todas disseram que esse é o melhor dos quatro.

Algo que vale a pena ressaltar é que "O Ritual "foi escrito de modo diferente dos três anteriores. Nos três primeiros, eu orava, pedia a Deus que pusesse no meu coração os assuntos que deveria tratar e a partir daí construía a história. Mas para esse quarto o que o Senhor me direcionou a fazer foi perguntar a pastores o que eu deveria abordar em termos espirituais na história. Fiz então uma pesquisa com 21 pastores de diversos estados do Brasil sobre quais eram os principais desafios que os jovens de suas igrejas enfrentavam em suas vidas espirituais. Foi com base nas respostas deles que construí a narrativa, o que aproxima muito mais este livro da realidade do jovem cristão brasileiro.

Então, ao mesmo tempo que é o livro cuja história é a mais sobrenatural de todos os quatro, os temas tratados são os mais realistas até agora, inclusive em áreas cabeludas, como sexualidade. Espero que "O Ritual" venha a abençoar muitas vidas.
 
[FE]: Deixe, por favor, uma mensagem aos seus leitores.
[MZ]: Na porta da biblioteca da escola onde estudei havia um cartaz que dizia: "Quem não lê mal fala, mal ouve, mal vê". Eu acredito muito nisso e tenho comprovado pelo contato com as pessoas que conheço. Portanto leiam! Leiam muito! E não leiam qualquer coisa, como essa literatura fraca e muitas vezes herege que é anunciada em programas de televisão. Leiam livros bons, de boas editoras. Eu recomendo em especial os livros das editoras Anno Domini, Fiel, Vida Nova e Shedd. São garantia de leitura de qualidade e biblicamente correta.


[FE]:Grande abraço, amado. Deus o abençoe.
[MZ]: Eu que agradeço, querido, espero ter sido útil. Se você precisar de fotos das capas dos 3 livros da série GA ou de "A Verdadeira Vitória do Cristão" eu tenho para mandar em alta resolução. Só "O Ritual" é que ainda não tem capa. No que precisar, conte comigo, inclusive para ajudar a divulgar seu site. A proposta é maravilhosa, parabéns!

1 comentários:

Pascoal Gomes disse...

Oi, meu nome é Pascoal, passei aqui só para dizer que o Maurício tem sido uma bênção de Deus para minha vida. Os textos que escreve no blog Apenas têm me ensinado, me levado a refletir e a mudar vário conceitos errados que carrego há um tempo.
Que Deus o abençoe e ao editor deste blog também.